Sei quem e o que és…
Nem de longe, nem de perto
duvidei quem eras…
um dia pousaste em minha janela
encantaste-me com teu cantar
com tua forma de estar
Protegido ou não pela luz do dia
vieste para ficar
e disso nunca irei abdicar
Vivo?
Vives em meu ser
nas minhas noites, mais tristes
nas minhas madrugadas mais solitárias
reflectido em cada olhar
em cada pensamento e em cada sonhar
És amante, amigo
cantando lindos versos de embalar
holograma…
sem ser…
posso te sentir, te ver
talvez nunca te pertencer
fazes parte deste meu viver
num espaço de dois mundos
diferentes, e tão iguais…
Desvaneces?
Não creio
Teu sorriso, tuas palavras
ficam marcadas para a eternidade
O amor sem realização
Mas constante em nosso coração
Ilusão…
de quem?
de ti de mim…
Não…
Vive eternamente nesta minha imensidão
Nesta minha arvore que floresce em cada manha
sem nada pedir…
sem nada exigir
Nada apagarei
nem mulher, nem amiga,
nem sonho, nem conquista
Nesta tela pintada por nós
ficará mais bela com cada cor
de cada sorriso, de cada lágrima,
de cada dor,
nesta busca de entender a realidade
A luz da esperança nasceu
dizendo…
Escolheste a melhor oportunidade que a vida te deu
Alzira Macedo
Um pensar, um olhar, um recordar…
Num fragmento de segundo, abro os olhos num acordar de uma noite, fria de inverno…
Sozinha e inerte neste vale de lençóis, que me aquecem o corpo e nunca a alma…
Descubro o que tanto me faz sentir, essa sensação de saudade arrebatadora e incontrolada de cada bater no meu peito…
Essa sombra que se aloja que não sai quando a sacudo, que resiste e permanece mesmo sabendo que me faz mal.
Olhos meios serrados ainda como pesados, pelo pensamento...
Vejo através uma neblina, espessa e ao mesmo tempo transparente que me deixa ver através ela…
Um filme vivido…
Um momento partilhado, sem preocupação do gozo total, porque cada momento era repentino, impensado, incontrolado…
Na mente de quem o viveu, nunca se preocupou, se viveria eternamente, sempre sorridente e caminhando em frente…
Na margem da lembrança revejo o momento da chegada num país longíssimo, frio distante diferente…
Mas que depressa se tornou meu, pela conquista nas amizades, no idioma, nas realizações, no emprego…
Foi uma luta constante, sempre acompanhada pela vivacidade da tenra idade…
Essa que nos dá forças, que nos faz caminhar, que nunca nos mostra os perigos da vida…
Quantas noites passei, pelas ruas da cidade olhando o céu, sorrindo para lua, brincando com os amigos…
Com minha família, rebolando pela neve, fazendo bonecos de neve, mesmo brincando ao escorrega e guerra de neve…
Essas amizades, essas brincadeiras que jamais esquecemos…
Quantas partilhas de segredos, sentados num bar acolhedor com musica ambiente e cocktail na mão…
Era mesmo outra dimensão outra forma de viver.
Quantas entradas em casa pela madrugada, depois de ter passado uma noite de divertimento, de dança que me fazia feliz…
Quantas vezes peguei na viola e me diverti, assim como meus convidados, no jardim da minha casa cantarolando o fado…
Não sabia cantar, mas animava a malta riamos como loucos e fazia-nos bem para que a saudade do nosso país não fosse tão forte…
A confiança reinava, a partilha era uma constante…
Quantas vezes ia ao lago dos cisnes, ao jardim botânico, ao teatro, ver mesmo show de travestes…
Quantas vezes fui ao cinema, ver filmes de (horror que não gosto) mas ia fazer companhia…
Fazendo eu, assustar os que estavam sentados a meu lado, com meus gritos… (Era pipocas a voar por todo o lado ahahaha)
E o gosto que me dava ir ao (auto-kino) Cinema no carro… Fazia-me lembrar os anos 60 giro mesmo..
Vezes sem conta que fui fazer patinagem artística, fazendo cair, quem me acompanhava de mão dada, caia-mos uns sobre os outros á gargalhada…
Quantas viagens fiz pela Europa, visitando amigos e familiares…
Deixando agora tudo para trás…
Regressei ao meu cantinho tão amado, tão desejado, mas onde nada se passa…
Onde tudo que fugir da dimensão de cada mente, é repugnado, é desvalorizado.
É mesmo julgado…
Deixei de viver, de ser eu, de ter tanta vivacidade, estou a ficar enferrujada na mente…
Por vezes já dou comigo a analisar, se é errado o que digo, o que faço, o que sinto, o que partilho…
Ao acordar bateu-me a saudade, de ser como era…
Senti vontade de ser…
Pássaro volátil, partir e nunca mais voltar…
De viver o que a vida tem para me dar, sem deixar rastos nem traços meus…
Porque nada somos…
Agarramo-nos á vida, ás pessoas, ás coisas e nada nos pertence…
Um dia partimos deste mundo…
deixamos tudo para trás…
Por ventura quem fica, nem a saudade sente, nem um pensamento perdem connosco…
“Somos passageiros da vida num fragmento de tempo..”
Bem escondido no fundo da minha alma
Alzira Macedo
Florescer no sentir…
Senti que em cada amanhecer,
foi um florescer
foi uma baforada
de ar puro em meu ser
uma sensação desconhecida
até então reprimida
foi nesse nascer
que notei a beleza
de cada amanhecer
Meus pensamentos sempre ausentes
minha concentração perdida
nos belos momentos
vividos, partilhados,
emocionantes e desejados
cada paisagem tinha seu encanto
a voz do mar que me reclamou
todo o momento que por mim passou
Sem nada dizer aceitei
nada tinha que retorcer
pois esse era meu ser
Meu desejo adormecido
mas nunca escondido
palavras não ditas
Mas sentidas
Planear
não está em meu pensar
A vida, o acontecimento
não se planeia
vive-se e devaneia
Paginas de um livro
chamado vida
em branco escrito
não fariam sentido
no pensamento somos livres
de tudo dizer de tudo aprender
talvez não viver
porque a hipocrisia existe
o sentido de culpa permanece
com ele acordas e adormeces
O que existe entre tempo
chama-se encandeamento
sem hora sem fim
sem corpo sem alma
Com saudosismo
entrego-me ao desejo
de cada pormenor,
de cada palavra,
de cada momento,
cada segundo
que me fugiu no tempo
Alzira Macedo
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. Alzira Macedo-dueto-Sonho...
. Teu Nome