Penso em ti
Olhos fechados ou abertos
a cada amanhecer
um bom dia tenho de te dizer
sinto o teu sorriso
o teu olhar
consigo sentir o teu abraçar
no olhar o mar
paro para te recordar
no cantar dos pássaros
ouço tua voz
dos nossos momentos a sós
Nas minhas lágrimas
a dor
a ausência
a falta que tenho de te dizer adeus
De te abraçar mais uma vez
de te ver sorrir novamente
de sentir o teu calor
abraçado ao meu
do nosso olhar de cumplicidade
da tua tenra idade
Quanto de ti se foi
Quanto de ti ficou
Tivemos tão pouco tempo para nos descobrirmos
e repartirmos
tudo quanto aconteceu
em mim permaneceu
No silencio do meu sentimento
aqui te escrevo eu
para desaguar esta imensa saudade
deixar de sentir o vazio de ti
Nas recordações quero viver
para jamais te esquecer
Para ti meu Anjo
da tua madrinha
Alzira Macedo
Já muitos de vocês sabem como nasceu o dia da mãe na história do povo e o porquê…
por isso vou deixar essa parte da história e adiantar o que me vai na alma
Ser mãe é um privilégio divino, é dar ao mundo mais mães, mais pais, mais vida ao mundo.
Também é saber ser responsável, educar o nosso fruto da melhor forma possível para que eles possam saber dar o devido valor e conseguir transmitir esse valor aos seus filhos.
È saber sofrer no silencio, saber sorrir na felicidade, saber acalmar as tempestades e rebeldias dos nossos filhos, é saber lhes dar o devido valor e aceitar o que por vezes não são os nossos ideais, mas sim a felicidade deles…
quantas vezes se ouve dizer “ mãe és tão incompreensível, és tão dura comigo, tas sempre a chamar á atenção, parece que não gostas de mim porque ralhas sempre”
Estas palavras magoam tanto no momento, porque nossos filhos não se apercebem o quanto os amamos, e por isso mesmo é que estamos em cima de todos os acontecimentos…
Mas também percebo, que só depois de serem pais é que entendem o porquê de nem sempre estarmos de acordo com eles e isso me dá felicidade porque consegui minha meta…
de ser mãe a tempo inteiro….
Vou me repetir quando digo que o dia da mãe não é apenas um dia no ano mas sim todos os dias após o nascimento dos nossos filhos….
Mas concordo que queiram um dia para reflexão, e esse dia então é passado diferente com mais carinho, mais flores, mais festa enfim um dia especial….
Sendo assim quero falar da minha mãe, essa pessoa maravilhosa que me deu a vida e me educou e de mim fez ser uma mãe com ideais….
Beijo mãe querida e um pedido de desculpa por todas as lágrimas que fiz rolar em teu rosto pela minha incompreensão….
Hoje mãe sou e sei que não fui sempre a mais correcta contigo, mas o mais maravilhoso é que ainda hoje me sorris e dizes ò filha destes-me muita felicidade, sou orgulhosa de ser tua mãe….
São as palavras mais lindas que filhos podem ouvir, por isso digo que ser Mãe é maravilhoso…
Mesmo quando a vida nem sempre nos sorri, temos o amor dos nossos filhos e da nossa mãe.
Um beijo uma flor e uma eterna gratidão á minha mãe….
O desejo de um óptimo dia das mães a todas as mães, e se vossos filhos nem sempre são os mais carinhosos bem no fundo deles tem um carinho especial por quem lhes deu a vida….
Aqui fica o pai incluído, pois mãe não poderia ser se não houvesse um pai.
Que este dia seja abencoado por Deus e com carinho e amor de vossos filhos
Meu primeiro contacto com a emigração
Inicio dos anos 70, nessa altura ainda ninguém sabia que poucos anos depois, iríamos entrar na revolução do 25 de Abril de 1974.
Os tempos eram bem difíceis, nessa altura tinha apenas 3 anos, recordo-me de muitas passagens da minha vida…·Mas, hoje é que posso dar valor e justificar alguns momentos vividos que em quanto, criança não entendia.
Vivia na aldeia com meus pais e irmãos, numa casa velhinha de paredes em pedra, e o chão era terra batida.
O telhado, tinha apenas uns caibros.( barrote que fixa as traves, para se assentarem as ripas para segurarem as telhas) que eram muito estreitas e arredondadas (chamada telha á Portuguesa)
eu ficava maravilhada quando conseguia ver o céu estrelado através das telhas partidas, ou quando a chuva caia através as mesmas.
Concordo que meus pais estavam desesperados, não eram condições de se viver.
Mas nós enquanto crianças não temos o peso das dificuldades e da realidade
Então vivia feliz e sorridente.
Não entendi porque meu pai tinha partido há uns tempos atrás, e não tinha regressado a casa como sempre fazia depois do trabalho.
Tinha ido em busca de melhor vida e foi (de assalto), a pé e escondido para não ser apanhado pois era uma ilegalidade.
Minha mãe ficou com 3 filhos nessa altura e grávida de outro, trabalhava do amanhecer ao anoitecer. Era no campo para poder nos alimentar, era a vida de casa, Ir buscar agua ao cântaro á fonte, como devem calcular não existiam as máquinas de lavar roupa nem a loiça nem sequer um ferro de passar a ferro, Aliás não tinha-mos electricidade em casa.
Que maravilha á luz da Vela, que se apagava com frequência quando o vento entrava através dos buracos das telhas, das portas etc.…
Tudo isto nos fazia rir a nós crianças que jogávamos ao esconde- esconde no escuro….
Continuando com minha mãe então: que ainda tecia tapetes no tear para fora e ia ganhando alguns escudos para as despesas que eram tantas.
(Como é que conseguiam trabalhar tanto?)
Ainda me lembro que minha mãe ia ao monte buscar lenha para fazer o lume e cozinhar em cima de uma pedra e umas grades de ferro, para se pousar as panelas pretas.
Meu pai consegui chegar até França sem ser apanhado, procurou trabalho na construção civil (Pedreiro) e assim começou a emigração para meu pai…
As cartas que escrevia para minha mãe procurando saber notícias demoravam semanas a chegar ao seu destino, as saudades iam aumentando dia após dia
via muitas vezes as lágrimas correr pelo rosto da minha mãe, e quando perguntávamos, respondia a sorrir não é nada é a felicidade de vos ver brincar.
Então perguntávamos novamente, ò mãe, você chora quando está contente? (Estranho não é!!!)
E dizia ela novamente, quando fores adultos ides entender que choramos por muitos motivos…
Mas depressa a brincadeira nos fazia esquecer toda essa conversa,
até um dia, chegar uma carta do meu pai, dizendo que não aguentava mais estar longe de nós e que tinha encontrado casa para irmos viver para França.
Foi uma confusão total, ir á cidade de autocarro tirar fotografias para o passaporte.
e passar uma inspecção medica…
Havia tanta gente diferente de nós na cidade, tantos carros a motor…
Na aldeia, os carros eram puxados por animais (vacas ou bois,) que nós corríamos atrás para saltar para cima do carro e andar um bocadinho até o lavrador dar por ela e nos fazer descer ahahahha
Ele sabia que nós estávamos em cima do carro e deixava andar, depois é que nos fazia descer quando já estávamos distanciados de casa, mas na nossa inocência de criança, pensávamos que o tínhamos enganado ahahahha
o dia da partida chegou…
Senti uma estranha sensação, ter de calçar sapatos e a roupa do domingo. Os nossos restantes bens, ser fechadas em malas e sacos. Os familiares que viviam em nossa casa com a lágrima no olho. Os vizinhos e amigos todos á frente da porta a desejar boa sorte para que fizéssemos boa viagem, e que Deus nos acompanha-se.
Minha mãe já chorava há uns dias atrás, eu não entendia nada, hoje sei porquê.
(Porque um irmão meu não tinha passado a inspecção medica sofria dos pulmões tinha de ficar em Portugal)
O dinheiro tinha sido gasto nos passaportes e bilhetes de comboio, a casa em França arrendada, não tínhamos outra alternativa.
Meu irmão ficaria com os avós paternos, infelizmente os avós maternos tinham falecido quando minha mãe tinha (3 anos faleceu o pai aos 14 anos faleceu a mãe)
De repente chega um carro Preto e verde, o chamado táxi… Os gritos de choro eram cada vez mais altos, minha mãe não conseguia se separar do filho.
Foi dado a ordem pelo meu pai, de nos ir colocando dentro do táxi.
as mãos dos vizinhos nos diziam Adeus, o coração começou a apertar mil e uma ideia me passou pela cabeça…
Para onde vamos? Quanto tempo? E porque não posso ficar aqui onde sou tão feliz?
Não consegui conter tanta dor e medo ao mesmo tempo.
quando meu Padrinho pegou em mim para me assentar no Taxi então gritei debati-me, dei morros no peito dele, dei pontapés não queria ir embora, queria ficar aqui, na minha aldeia no meu país…
fui colocada dentro do carro aos soluços, minha mãe foi arrastada do meu irmão as portas fecharam-se e o carro começou a andar.
através dos vidros e das lágrimas via meu irmao a chorar, minha aldeia e amigos desaparecerem...
Dois dias depois, chegamos a outro destino... A França…
Por hoje acabo aqui…
Continuarei esta minha viagem outro dia…
Alzira Macedo
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