Aproxima-se o dia da criança,
Nos infantarios, escolas e outros agrupamentos estao a preparar festas para festejarem o dia da criança...
Fico feliz por tomarem essas decisoes, os pais preocupados em darem o seu melhor e ajudarem no que podem para que esse dia seja uma alegria .
Escrevi alguns poemas sobre esse dia a pedido de alguns amigos para poderem recitar na escola o que fiz com muito gosto...
Depois caí na realidade e pensei no que nos rodeia...
Comercio, sim isso é tudo uma questao de comercio.
Mas o dia da criança devia ser todos os dias e de todas as crianças.
Mas não é...
Este mundo de maravilhas e assombros ainda tem muito com que se envergonhar! Isto podia não acontecer! Era possível! Mas a realidade é bem diferente e a vergonha, a revolta, a vontade devia ser de todos! Mas que podemos nós ( pessoas comuns ) fazer?... Pouco...
Mas podemos falar, lembrar, gritar! E podemos ajudar e toda a ajuda conta... Mas... Geralmente são as figuras públicas a fazerem os apelos, mas não deveria ser o contrário? Eu como cidadã comum apelo a todos os que o podem realmente fazer a diferença: Vocês que têm muito, distribuam algum, ajudem, vão ver que não doi nada!
"Este filho podia ser meu, ou teu"
Ser criança Somos semente chamada amor
nascemos do sorriso de nossa mãe
partilhado, num momento de dor
damos momentos de magia, com nossa inocência
partilhamos vosso sorriso de felicidade.
somos, vosso orgulho, vossa vaidade
Trazemos em nossa alma, pureza e poesia
vibramos de emoção que contagia
em nossas mãos depositam a confiança
Para um mundo melhor construir
e da felicidade usufruir
Ser responsável, foi o que nos ensinaste
hoje brincalhões e irreverentes
o jardim de infância iremos deixar
para a escola vamos entrar
aprender ,o que mais tarde deveremos ensinar
dos amigos e educadores, com saudades nos iremos lembrar
ao percorrer a faculdade da vida
e nossa meta conquistar
Pais, vosso carinho temos de agradecer
por nos ajudares a crescer
ser criança não é fácil
transportamos o peso dos nossos e vossos sonhos
ser criança é ser esperança…
Alzira Macedo
O tao esperado
Depois de uma noite agitada...
Com o cansaço da viagem ainda não nos tinha, saído o barulho do comboio das nossas cabeças (pouca terra, pouca terra, pouca terra.)
Era assim, que por fim demos nome ao barulho que se infiltrou em nossos ouvidos e teimava em não sair.
Acordamos uns atrás dos outros, ou aliás uns acordaram os outros e corremos procurar nossa mãe…
Naquele momento sentimos deslocados, aquilo tudo não era o nosso mundo, o sentimento do medo e da insegurança se instalou….
O meu irmão mais velho António José, já sentia a responsabilidade nos ombros e fazia-se de forte…
Olhar esguio sorriso seguro e (a cabaninha do menino Jesus na testa)
tenho de explicar esta:
Pois bem a cabaninha do menino Jesus, era um corrupio no cabelo por cima da testa, que lhe fazia como se fosse um telhado no alto e por baixo era oco, uma gruta (também era assim que faziam a cabaninha do menino Jesus no presépio da igreja da aldeia.
E nós garotos, para lhe arreliar dizíamos que ele trazia a cabaninha do menino Jesus na testa.
Então ele cheio de segurança disse:
Não tenham medo aqui é a nossa casa nova.
Enquanto nós íamos olhando desconfiados de um lado para o outro , ele dirigiu-se para a televisão e lá começou a mexer sem saber ao certo o que fazia…
ficamos de olhos arregalados…
Naquela caixa preta tinha pessoas normais a cores, a falar e a mexerem-se!!!
Oh mas que estão essas pessoas aí a fazer? E por onde entraram elas? Fomos a correr para trás da televisão ver se tinha uma porta, mas nada…
ficamos meios sem saber o que pensar era um truc de magia, sei lá ao certo as mil ideias que nos passaram pela cabeça….
Mas o mais estranho é que pareciam ser simpáticas, elas sorriame falavam dirigidas para nós...
Mas nós não entendíamos nada do que diziam…
Nós os mais pequenos perguntamos ao meu irmão mais velho que apenas tinha 15 meses mais do que eu…
Tone Zé o que eles dizem? Nos não entendemos nada…
ele todo cheio de segurança disse: isto é Francês e está a dar os bons dias e dizer o programa de hoje…
E nós outros ficamos boquiabertos como o nosso irmão era inteligente, não tivemos tempo de pensar em mais nada que ouvimos vozes dos nossos pais do outro lado do quarto…
A correr e aos gritos fomos ao encontro deles, lá estava minha mãe a analisar o que havia na cozinha e como funcionavam todas aquelas coisas novas (Fogão, frigorifico o aquecimento a carvao) já era uma grande dor de cabeça saber ao certo para o que serviam e como funcionavam…
O meu pai lá lhe ia explicando o que sabia, repentinamente o nosso olhar vai para cima da mesa…
Um pão muito comprido e muito fino, olhos arregalados dissemos o que é isto?
Meu pai explicou que era uma (baguette) pão francês…
E já estávamos de sorriso nos lábios, a fome já tinha chegado devoramos a (baguette,) que bom estaladiço, era comer e morrer por mais…
Bem pelo comer, já foi bom vir para França tinha pães grande pensamos nós.
Abrimos a porta que dava para o corredor que nos dirigia ou para o quintal (Terreno por trás da casa), ou para o pátio da entrada, e para o sótão enfim muito terreno para descobrir….
Olhamos de um lado para o outro confusos sem saber a direcção que iríamos tomar e de repente ouvimos vozes que vinham de trás de casa….
Em banda lá fomos nós a correr para o jardim, era um pedaço de terreno mais pequeno do que em Portugal, mas muito arrumadinho tudo em linha e certinho e havia muitas flores até erva verde muito certinha…
havia uma rede no fim do jardim que fazia com que a visão fosse possível para o que estava do outro lado…
então vimos muitas crianças a brincarem do outro lado, meios escondidos espreitávamos o que eles faziam…
Nós de cabelos e olhos escuros, pele morena com roupas ao escuro também…
víamos crianças brancas, de cabelos loiros, outros até ruivos com uma pintas castanhas na cara de roupas multicolores pareciam arco íris…
Nós ficamos ali parados um tempão sem nos mexermos que era para eles não nos verem, do nosso jardim podia-se ver o recreio de uma escola…
Eles eram diferentes no sentido que as roupas deles era nova sapatos a briharem e todos muito bem penteados, brincavam com brinquedos diferentes dos nossos...
Saltavam á corda individualmente, ou saltavam ao elastico onde precisavam serem 5, com bolas de berlim de cores lindas ( Já nao era com botoes como faziamos) e outros jogavam futebol com uma bola verdadeira que rolava muito.
Depois tocou uma campainha e sem darmos conta tudo corria de um lado para o outro e se colocaram em fila indiana e uns depois dos outros lá iam entrando para o edifício…
Ali ficamos parados a olhar uns para os outros, parecíamos refugiados com medo do que estávamos a observar, era uma novidade assustadora…
Quando nos sentimos em segurança que ninguém nos via então regressamos para dentro de casa.
Ainda a explorar os recantos á casa, pois era enorme e diferente do que conhecíamos, que precisamos muito tempo para conhecer todos os recantos…
E quando ouvíamos gritos de crianças, não era preciso dizer nada, todos nós deixava-mos o que tínhamos nas mão e corríamos para o quintal, para o nosso refúgio , observar o que eles estavam a fazer…
Os dias foram passando e nós íamos habituando á nova vida…
As ruas todas em alcatrão, não havia os nossos caminhos de terra batida os nossos muros de pedra e as flores a crescerem no meio delas.
Em França as estradas eram limpas, nunca víamos papéis ou outras sujidades espalhadas.
De onde a onde existiam baldes para se colocar o lixo, vivíamos noutro mundo tão diferente.
Já não podíamos correr pés descalços pelas ruas, nem brincar os nossos jogos (aros, pneus bolas de pano e arreia). Só podíamos brincar em casa.
Minha mãe poucas vezes sorria, nós olhávamos para ela fazíamos perguntas ela respondia sempre com um sorriso e olhar triste.
Por vezes víamos ela a chorar, não entendíamos porquê de tanta tristeza.
Meu pai ia trabalhar como pedreiro, saia cedo e regressava no fim da tarde, por vezes discutiam, ou porque nós tínhamos feito asneiras, (Claro isso não podia faltar éramos traquinas)
Ou por razoes económicas deduzo eu, pois a vida não era fácil, ou por outras razoes que nos passavam despercebidas.
Ouvi muitas vezes a minha mãe chorar e dizer, não aguento mais, quero ir embora…
Mas o tempo ia passando e nós íamos vivendo no nosso mundo novo...
Lembra-me que havia lá em casa uma máquina de lavar a roupa que tinham oferecido ao meu pai…
já por si ter máquina de lavar roupa, era novidade e aquela tinha uma particularidade muito engraçada para nós. Tinha-se de colocar a água ao balde, depois ela lavava e rejeitava água e tinha de se colocar novamente água limpa ao balde até acabar de lavar a roupa.
Mas um dia essa máquina avariou e minha mãe lavava a nossa roupa á mão e numa bacia…
Até o meu pai decidir e fez-lhe um tanque em pedra e cimento para se lavar a roupa, e foi feito nesse pátio da entrada que eu tanto escrevi, tinha um telhado para caso de chover minha mãe não se molhar…
Passava muita parte do tempo dela, a lavar no tanque e era lá onda a víamos muitas vezes a chorar…
Evidentemente que ficávamos tristes e chorávamos também. Por vezes minha mãe cantava músicas tristes do nosso país, que nos fazia recordar o meu irmão Fernando.
Que teve de ficar em Portugal, porque não tinha passado na visita médica por causa dos pulmões dele, estavam enfraquecidos…
Então as saudades começavam a roer-nos a alma, o aperto no coração começou a ser mais presente.
Começamos aperceber da tristeza da minha mãe, como também percebemos que as musicas que ela cantava eram quadras dela, dirigidas ao filho que teve de deixar.
Gostávamos de a ouvir cantar, mas ao mesmo tempo doía, sentirmos a falta do nosso irmão que não podia brincar connosco.
Minha mãe começou a escrever quadras para meu irmão, e ia guardando para um dia lhe entregar, para que ele percebesse o quanto ela vivia triste por ele não estar presente, e que não o tinha abandonado.
Escrevia sempre para a família em Portugal para saber notícias do filho, mas os correios naquele tempo demorava semanas até receberem as cartas e as notícias eram poucas.
Mais uma vez tenho de admitir, que criança faz mesmo asneiras e mais tarde se arrependem...
Uns com os outros a brincar, destruímos as quadras que minha mãe escrevia, e hoje poucas tenho para poder publicar o grito de dor que uma mãe sente quando não pode ter os filhos a seu lado.
Ainda consegui recuperar alguns e aqui podem ler e sentir o desgosto que uma mae transporta no coração…
Querido filho o amor é tão grande
não tem largura nem comprimento
eu vá por onde for
estás sempre em meu pensamento
Eu vivo muito triste
por não estar aí
mas a vida assim o quis
que eu sem ti, viesse para aqui
Filhos, nomes tão queridos,
Nomes, que tanto adoro
bem devem adivinhar
Por quem tantas vezes eu choro
O meu pobre coração
tem tanto para sofrer
ainda falta tanto tempo
para te tornar a ver
Ó meus queridos filhos
que tanto bem vos quero
vos desejo toda a sorte do mundo
é tudo que eu quero.
Sinto-me, muito triste
a culpa não é de ninguém
acho que foi o destino
que me abandonou também
o meu coração
de duro se quer fazer
a tristeza é tamanha
que não consigo a combater
Escrevo tanto, tanto
não quero que me chamem de louca
tudo, isto é do coração
o que sai da minha boca…
E foi com este sentimento de dor que minha mãe, viveu as saudades que sentia do filho.
Ter de aguentar a distância do olhar, do abraçar, do beijar e lhe pegar ao colo, ele era tão pequenino precisava tanto do seu amor e carinho….
Aguardem o próximo capítulo …
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