Uma história que não é historia….
Tento procurar as palavras certas mas não encontro, será destino, má sorte ou contingências da vida…
Conheço alguém que é uma lutadora por natureza, sobreviveu ao, tão temerosos cancro do colo…
Depois de uma luta árdua, de ter entrado em coma, sido operada 13 vezes, casa de repouso consultas de psiquiatria, e ter feito um pacto com Deus, como ela assim o diz…
Pediu para a deixar sobreviver ao cancro para poder deixar criar seus filhos….
E assim que eles estivessem orientados na vida então sim podia a levar porque estaria preparada…
dedicou-se á área da saúde tentando ajudar quem nada nem ninguém tem, dando sempre o seu carinho a sua força…
E acontece que após um acidente de trabalho, para ajudar quem necessitava lesionou-se, com uma rotura muscular e uma contracção muscular…
a recuperação não foi fácil, ficou mês e meio sem conseguir caminhar normalmente, e depois com muito custo e garra foi andando tentando melhorar….
Acontece que o sorriso estava sempre presente, embora os mais chegados notassem que havia muita revolta e agressividade, mas desculpava-se sempre com o trabalho e a depressão de ter parado durante 3 meses o seu trabalho, que era o que a fazia viver e se sentir útil….
Amar o próximo e dar o que nunca tinha recebido, amizade, carinho e compreensão…
a gota de agua chega quando depois de vários exames langorosos, dolorosos e por vezes enervantes de se ter de aguentar no hospital durante varias horas e varias posições, por vezes envergonhada…
Quando estava preparada a desistir e querer voltar á normalidade a sentença chegou….
O médico diz que o acidente apenas chegou para mostrar o que já tinha sem saber….
Quer dizer ainda bem que teve o acidente, ou infelizmente que o teve….
Porque assim ficou a saber o que por vezes ninguém gosta de saber….
Tem o ultimo elo da coluna perto da anca (Bacia) completamente desaparecido…
com isso implica!
Proibição completa de trabalhar na área da saúde, de pegar pesos
Que horror que é o que mais ama na vida é dedicar-se ao próximo….
O pior ainda não chegou, caso assim não faça está sujeita a ficar bloqueada da sinta para baixo…
a segunda sentença depois de um exame nuclear a sentença é de que as articulações ósseas estão a desfazerem-se (Osteoporose)
má sorte ou maldição, é apenas o que reclama seu coração….
Sabe que tem de lutar, que tem de vencer, que tem de se cuidar…
Mas tudo isto não é apenas falar, mas sim sentir novamente o peso da luta.
Venceu o cancro mas esse malandro deixa marcas e não as mais simples, ele persegue-a faça ela o que fizer….
Ele nunca a vai esquecer…
perguntando o que ela pensa de tudo isto…
diz sorrindo e chorando, sou filha da terra …
da terra nasci, nela cresci e nela me apagarei, mas nunca sem deixar de lutar e de sorrir…
é dolorosos sentir que a vida nos quer fugir, e nós tentamos a seguir…
Um dia me cansarei e apagarei…
Deixando no entanto a mensagem de que a vida é bela devemos aproveitar cada instante
devemos dar prioridades á vida vive-la cada instante cada momento…
e se um dia me for, que fique algo de mim, não preciso de nome nem de homenagens…
Mas do respeito e do carinho de quem tanto acarinhei….
È com estas palavras da pessoa em questão que deixo este poste e um momento de reflexão…
(Pensem com enfrentar e viver a vida)
Depois de ter-mos acalmado, os choros eram apagados pelas paisagens que conseguíamos ver através das janelas do Taxi.
Campos verdes, flores de todas as cores, que mais parecia com um tapete florido.
As papoilas vermelhas que pareciam ser frágeis balançavam ao vento... pareciam nos dizer adeus, ao longo da estrada da nossa aldeia até ao porto.
Rebanhos de ovelhas pastavam pelas beiras das estradas, uma ou outra! aventurava-se na estrada fazendo com que o táxi tivesse de parar.
Os quilómetros iam aumentando e a nossa bela aldeia ficava cada vez mais longe da nossa vista, mas nunca do nosso coração...
Minha mãe calada, com seus olhos tristes fitava o horizonte, meu pai á conversa com o taxista e nós com medo nada dizíamos.
E quando falávamos... Era-nos dito para nos calar, pois não devíamos aborrecer o motorista e o respeito tinha de ser mantido, pois quando os adultos falavam nós crianças não devíamos interromper.
Chegamos á estação de campanha, (Porto) então ficamos todos de olhos arregalados, nunca tinha visto tanta gente junta, a não ser nas festas e romarias da aldeia.
Todos nós tivemos de ajudar meus pais a carregar as malas e os sacos…
Tínhamos de ficar todos muito juntos, pois podíamo-nos perder.
As famílias na mesma situação do que a nossa eram inúmeras.
quando o comboio chegou, havia um barulho aterrorizante e muito fumo preto que nos metia medo.
Não sabíamos para onde ir, era uma confusão total, toda a gente a correr uns para cada lado.
Minha mãe pegou em nós e em alguns sacos entramos para o comboio.
As janelas foram logo abertas pelos passageiros aos gritos pela confusão.
Meu pai ficou do lado de fora, para passar as restantes malas que eram pesadas, pela janela.
Meu irmão mais velho (entre os 4 e 5 anos) ia ajudando a puxa-las para o lado de dentro com minha mãe.
O comboio já estava a iniciar a marcha quando meu pai correu para dentro e veio ao nosso encontro.
Nós já chorávamos... pensávamos que meu pai tinha ficado em terra, o que ia ser de nós sozinhos.
No comboio existia um corredor, todo o longo da carruagem, do outro lado era os compartimentos com os lugares marcados em números.
depois de ter colocado as malas por cima dos assentos,em suportes apropriados e o saco da merenda por baixo do banco, não esquecendo o garrafão de vinho ,que era a marca do bom Português.
Lá nos assentamos, todos nós, queríamos ir á janela para ver a paisagem.
Era empurrão para um lado, outro empurrão para o outro, até meu pai por ordem e nos calamos, olhando de esguia uns para os outros.
A longa viagem começou...
Pouco depois veio o controlador de bilhetes, nunca mais me esquece um homem alto magro moreno e de bigode preto que olhava com ar de mau. Demorou uma eternidade a controlar e nós mal respirávamos com medo de que ele pegasse por isso.
Depois de ser tudo visto a pormenor, ele saiu e nós então deixamo-nos caír de cansados, ao fundo dos bancos corridos, de couro vermelho.
O tempo nunca mais passava, nós que estávamos habituados a correr pelas ruas da nossa aldeia, de pneu ou aro de bicicleta na mão (eram os nossos brinquedos) tínhamos de ficar horas assentados.
Meu pai não nos deixava sair dali, porque era perigoso a não ser para ir á casa de banho.
Então começou o nosso novo passa tempo...
Ter sempre vontade de ir á casa de banho.
E cada vez que íamos espreitávamos para os outros compartimentos para ver se eram igual a nós.
Nesse aspecto éramos todos iguais, ainda bem, não éramos os únicos.
Nova aventura, a casa de banho no comboio...
Existia apenas uma para toda a gente, mas que estranho (pensavamos) tinha uma sanita branca com uma tampa preta partida
e ainda tinha papel higiénico branco( o que não chegou para toda a viagem).
Por cima da sanita tinha uma corda, curiosos que éramos puxamos e milagre...
Saiu agua (que estranho,) na aldeia não existia nada disso.
Era um assento em madeira com dois boracos (lugar para duas pessoas) num barraco fora de casa que o meu pai tinha feito.
Nem sequer era preciso agua, ficava logo na chamada fossa. Que depois quando estivesse cheia minha mãe, deitava na terra para estrumar e daí poder semear o milho ou o trigo ou mesmo a batata, as couves etc.
Crianças como éramos só queríamos puxar a agua da sanita no comboio, o que depressa deu confusão com as outras pessoas que viajavam.
ao fim de um tempo e de sermos chamados á atenção por outras pessoas, regressamos ao nosso compartimento muito caladinhos.
A noite chegou não havia lugar para nos deitar tínhamos de dormir assentados uns contra os outros.
Bem ou mal melhor dizendo, a noite passou e novo dia nasceu, o barulho do comboio era uma constante em nossa cabeça.
Em Espanha tivemos de mudar de comboio, mais uma vez a confusão na troca das malas e de via para pegar outro comboio.
Estávamos arrasados já chorávamos, não queríamos mais andar de comboio mas tinha de ser.
Quando finalmente chegamos a Paris já não aguentávamos mais, meu pai tinha organizado que uns amigos nos viessem buscar de carro e fomos para Epone (Mantes-la-Jolie) cidade onde iríamos viver.
A nossa casa era bonita, parecida com algumas em Portugal.
Uma grande porta de entrada de madeira e tinha fechadura com chave, na entrada tinha um pátio em cimento um tanque grande para lavar a roupa do lado esquerdo.
E umas escadas para subir para casa do lado direito
lá em cima tínhamos do lado direito uma cozinha grande com um fogão lindo, a porta do forno era de ferro branco e a carvão assim como um quarto grande. E do lado esquerdo outro quarto grande.
No meio dessas peças havia um corredor que dava para o quintal e umas escadas em madeira para subir para a (barra) onde se guardava as batatas e outros alimentos…
Ficamos hilariantes que nem queríamos dormir, queríamos percorrer a casa toda, era tão diferente da que tínhamos na aldeia, tinha conforto, até o chão era de madeira e tinha uma cave onde o senhorio lá tinha umas arrumações enquanto não demos volta a tudo não descansamos.
Pela primeira vez entramos em contacto com as pedras de carvão, eram tão giras, redondas e pretas brilhantes, que comecamos logo o jogo do mata com as pedras de carvao,ao brincar não demos por ela que ficamos todos pretos.
Qual foi a nossa surpresa quando fomos lavados com agua corrente e quente….
Na aldeia a minha mãe ia buscar agua ao cântaro e á fonte, ali ela vinha sozinha pela torneira.
Nessa noite dormimos numa cama com colchão normal, já não era colchão de palha seca como tínhamos em Portugal, era tão mole que saltávamos em cima dela e riamos de satisfação.
Até adormecer demorou tempo, mas dormimos assim na nossa primeira noite em França, confortáveis e quentes, já não tinha vento que entrava pelo telhado nem chuva.
Mas também já não conseguia ver o céu estrelado pelas telhas partidas…
Volto brevemente contar como nos adaptamos com a língua Francesa…
Alzira Macedo
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