Segunda-feira, 1 de Fevereiro de 2010

Perdida andei...

 

 

 

 Naufraguei a alma

naufraguei
numa tempestade de emoções
num turbilhão de dores multiplicas
remei contra tempo
contra marés
contra tudo e todos
cansada de batalhar
deixei-me afundar
no abismo
da desilusão
da tristeza
do desespero
no descontentamento
senti-me engolir o fel
do abandono
do engano
submersa de desilusão
parti com vontade de não regressar
Fui recolhida pela lua
que me ouviu emocionada
as estrelas, iluminaram meu caminho de regresso
O sol aqueceu minha alma
O mar, rejeitou-me á vida
o vento me empurrou até aqui
A natureza
 se encarrega de me fazer caminhar
passo a passo
A semente começa a brotar dentro de mim
a chuva irá me regar dia após dia
a vossa amizade, vai me fazer acreditar em mim,
na vida
no futuro que o destino de mim escondeu
A poesia é
 minha melhor amiga, conselheira
O futuro é incógnito
daí começar a dançar lentamente
e viver este presente

 

Alzira Macedo

 

 

 

música: noites traiçoeiras
sinto-me: Não sei como ainda

publicado por Alzira Macedo às 22:15
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Quarta-feira, 27 de Fevereiro de 2008

História verídica e marcante

 

 

Meu primeiro contacto com a emigração

Inicio dos anos 70, nessa altura ainda ninguém sabia que poucos anos depois, iríamos entrar na revolução do 25 de Abril de 1974.
Os tempos eram bem difíceis, nessa altura tinha apenas 3 anos, recordo-me de muitas passagens da minha vida…·Mas, hoje é que posso dar valor e justificar alguns momentos vividos que em quanto, criança não entendia.
Vivia na aldeia com meus pais e irmãos, numa casa velhinha de paredes em pedra, e o chão era terra batida. 

O telhado, tinha apenas uns caibros.( barrote que fixa as traves, para se assentarem as ripas para segurarem as telhas) que eram muito estreitas e arredondadas (chamada telha á Portuguesa)
eu ficava maravilhada quando conseguia ver o céu estrelado através das telhas partidas, ou quando a chuva caia através as mesmas.
Concordo que meus pais estavam desesperados, não eram condições de se viver.
Mas nós enquanto crianças não temos o peso das dificuldades e da realidade
Então vivia feliz e sorridente.
Não entendi porque meu pai tinha partido há uns tempos atrás, e não tinha regressado a casa como sempre fazia depois do trabalho.
Tinha ido em busca de melhor vida e foi (de assalto), a pé e escondido para não ser apanhado pois era uma ilegalidade.
Minha mãe ficou com 3 filhos nessa altura e grávida de outro, trabalhava do amanhecer ao anoitecer. Era no campo para poder nos alimentar, era a vida de casa, Ir buscar agua ao cântaro á fonte, como devem calcular não existiam as máquinas de lavar roupa nem a loiça nem sequer um ferro de passar a ferro, Aliás não tinha-mos electricidade em casa.
Que maravilha á luz da Vela, que se apagava com frequência quando o vento entrava através dos buracos das telhas, das portas etc.…
Tudo isto nos fazia rir a nós crianças que jogávamos ao esconde- esconde no escuro….
Continuando com minha mãe então: que ainda tecia tapetes no tear para fora e ia ganhando alguns escudos para as despesas que eram tantas.
(Como é que conseguiam trabalhar tanto?)
Ainda me lembro que minha mãe ia ao monte buscar lenha para fazer o lume e cozinhar em cima de uma pedra e umas grades de ferro, para se pousar as panelas pretas.
Meu pai consegui chegar até França sem ser apanhado, procurou trabalho na construção civil (Pedreiro) e assim começou a emigração para meu pai…
As cartas que escrevia para minha mãe procurando saber notícias demoravam semanas a chegar ao seu destino, as saudades iam aumentando dia após dia
via muitas vezes as lágrimas correr pelo rosto da minha mãe, e quando perguntávamos, respondia a sorrir não é nada é a felicidade de vos ver brincar.
Então perguntávamos novamente, ò mãe, você chora quando está contente? (Estranho não é!!!)
E dizia ela novamente, quando fores adultos ides entender que choramos por muitos motivos…
Mas depressa a brincadeira nos fazia esquecer toda essa conversa,
até um dia, chegar uma carta do meu pai, dizendo que não aguentava mais estar longe de nós e que tinha encontrado casa para irmos viver para França.
Foi uma confusão total, ir á cidade de autocarro tirar fotografias para o passaporte.
e passar uma inspecção medica…
Havia tanta gente diferente de nós na cidade, tantos carros a motor…
Na aldeia, os carros eram puxados por animais (vacas ou bois,) que nós corríamos atrás para saltar para cima do carro e andar um bocadinho até o lavrador dar por ela e nos fazer descer ahahahha
Ele sabia que nós estávamos em cima do carro e deixava andar, depois é que nos fazia descer quando já estávamos distanciados de casa, mas na nossa inocência de criança, pensávamos que o tínhamos enganado ahahahha
o dia da partida chegou…

Senti uma estranha sensação, ter de calçar sapatos e a roupa do domingo. Os nossos restantes bens, ser fechadas em malas e sacos. Os familiares que viviam em nossa casa com a lágrima no olho. Os vizinhos e amigos todos á frente da porta a desejar boa sorte para que fizéssemos boa viagem, e que Deus nos acompanha-se.
Minha mãe já chorava há uns dias atrás, eu não entendia nada, hoje sei porquê.
(Porque um irmão meu não tinha passado a inspecção medica sofria dos pulmões tinha de ficar em Portugal)
O dinheiro tinha sido gasto nos passaportes e bilhetes de comboio, a casa em França arrendada, não tínhamos outra alternativa.
Meu irmão ficaria com os avós paternos, infelizmente os avós maternos tinham falecido quando minha mãe tinha (3 anos faleceu o pai aos 14 anos faleceu a mãe)
De repente chega um carro Preto e verde, o chamado táxi… Os gritos de choro eram cada vez mais altos, minha mãe não conseguia se separar do filho.
Foi dado a ordem pelo meu pai, de nos ir colocando dentro do táxi.
as mãos dos vizinhos nos diziam Adeus, o coração começou a apertar mil e uma ideia me passou pela cabeça…

Para onde vamos? Quanto tempo? E porque não posso ficar aqui onde sou tão feliz?
Não consegui conter tanta dor e medo ao mesmo tempo.
quando meu Padrinho pegou em mim para me assentar no Taxi então gritei debati-me, dei morros no peito dele, dei pontapés não queria ir embora, queria ficar aqui, na minha aldeia no meu país…
fui colocada dentro do carro aos soluços, minha mãe foi arrastada do meu irmão as portas fecharam-se  e o carro começou a andar.
através dos vidros e das lágrimas via  meu irmao a chorar, minha aldeia e amigos desaparecerem...

Dois dias depois, chegamos a outro destino... A França…

Por hoje acabo aqui…
Continuarei esta minha viagem outro dia…


Alzira Macedo

 

sinto-me: emocionada

publicado por Alzira Macedo às 15:11
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